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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Colágeno e sangue degradado num osso de um hadrossauro

Hadrossauro ImagemA nova descoberta ou "não vai ser nada, ou vai ser a maior revolução de sempre na paleontologia". Estas palavras foram pronunciadas por um paleontólogo em resposta à investigação recém-publicada. Ele estava comentando um relatório sobre os tecidos bem-preservados e sequências de colágeno primário recuperados do fémur de um dinossauro herbívoro identificado como um hadrossauro. Seguiram-se vários anos de intensa actividade para Mary Schweitzer e seus colegas, cujos trabalhos anteriores sobre tecidos moles em ossos de dinossauro foram recebidos com grande cepticismo. No ano passado, parecia que esta ideia de tecidos preservados tinha encontrado a sua refutação final quando a mesma paleontóloga citada acima propôs que os tecidos moles "vieram de qualquer contaminação bacteriológica". No entanto, a nova pesquisa parece ter respondido às críticas de forma muito eficaz.

Células sangue hadrossauroMúltiplas "células" de sangue vermelhas de hadrossauro rodeadas de branco, matriz fibrosa (Crédito Mary H. Schweitzer, Fonte aqui)

Os autores estavam bem cientes de que o seu trabalho recentemente publicado leva combustível ao fogo da controvérsia. Eles começam o seu resumo recordando isso mesmo aos seus leitores e acabam o seu relatório com comentários que abordam o "adequado cepticismo" do seu trabalho anterior. O problema é este: todas as medidas directas da degeneração das biomoléculas sugerem escalas de tempo de centenas ou milhares de anos (dependendo das condições ambientais). Medições indirectas, baseadas na detecção de biomoléculas em artefactos de idade conhecida, sugerem que o limite superior é inferior a um milhão de anos. No entanto, considera-se que as biomoléculas detectadas em dinossauros têm 80 milhões de anos. Duas ordens de grandeza justificam o considerável cepticismo!

Consequentemente, os autores não se pouparam a esforços para abordarem as preocupações de contaminação - em particular pela invasão da bactérias que formariam um biofilme. O fémur que utilizaram veio de uma perna articulada posterior de um hadrossauro. Os elementos das patas, a tíbia e a fíbula foram colectados em 2006, portanto eles sabiam que o fémur estava ainda incorporado no rocha. No ano seguinte, a rocha que continha o fémur foi removida, tomando precauções para que o osso fossilizado "não fosse exposto no campo". Todos os esforços foram feitos para evitar a contaminação, para que todos os materiais analisados fossem representativos do próprio fóssil. Os pesquisadores descobriram uma variedade de evidências morfológicas que indicavam que eles estavam a manipular material fóssil significativo. "A variação na textura, a microestrutura, e a cor da amostra de dinossauro é compatível com tecidos existentes e não é explicado de forma plausível através do argumento dos biofilmes". Uma série de testes seguiram-se, com a replicação dos testes por outro laboratório, levando a algumas descobertas muito convincentes. Muitos críticos do trabalho anterior reconhecem agora a natureza substancial da nova investigação. Service escreve:


Tecidos moles do Hadrossauro"Ambos os grupos, realizaram então independentemente estudos bioquímicos e de ligação de anticorpos que mostraram evidência de colágeno (ou colágenio), bem como de laminina e elastina, duas proteínas encontradas em vasos sanguíneos."
[McIntosh, um crítico do trabalho anterior, é citado como tendo dito:] "Eu não estou dizendo que é verdade. Mas não posso agora construir um argumento plausível de que não é verdade". Ele acrescenta: "A porta está se fechando para alternativas plausíveis".

Mas um outro aspecto da pesquisa recentemente publicada é uma comparação das sequências do colágeno de hadrossauro com o colágeno Tecidos moles do T-rexde aves, répteis, mamíferos, anfíbios e com as sequências anteriores obtidas a partir de um T. Rex. Os resultados desta comparação produziram manchetes por todo o mundo. A árvore filogenética emergente coloca em primeiro lugar os dois dinossauros adjacentes às aves - posterior ao ponto de ramificação dos répteis. Sem dúvida, ambas as sequências de dinossauro são fragmentárias. "As oito sequências de péptido para o colágeno alfa1 tipo I e para colágeno alfa2 tipo I representam 7,8 e 2,5% da sequência total para organismos relacionados, respectivamente". No entanto, embora reconhecendo esta situação, os autores consideram as suas análises como de resultados significativos.

"A quantidade de dados perdidos nas sequências de B. canadensis e de T. rex em relação aos existentes nas amostras resultaram numa relativamente baixa resolução dentro dos Dinosauria, mas mesmo assim, a relação filogenética das sequências de B. canadensis recuperadas apoiam a colocação da espécie nos Archosauria, mais próximos das aves do que do Crocodilo".

Em vista disto, as comparações de sequências podem e serão criticadas. Comentários nesta fase podem ser prematuros (embora possa ir aqui para mais reflexões sobre o assunto). A partir de uma perspectiva do design, há um outro ângulo sobre as comparações de sequências que vale a pena considerar. Em vez de interpretar as sequências em termos de percursos evolutivos, com as semelhanças a mapearem as relações ancestral/descendente, sequências similares podem na verdade estar relacionadas com funcionalidades semelhantes. Assim, por exemplo, semelhanças entre o colágeno de dinossauro e o das aves pode resultar de requisitos de design relativos a critérios de tamanho/peso/força critérios. Estas semelhanças não são evidências das aves e os dinossauros pertencerem ao mesmo clado, mas são evidências para as aves e os dinossauros terem características anatómicas e fisiológicas comuns.

Um outro ponto diz respeito ao estilo de argumentação "deus-das-lacunas". Os cientistas do DI são injustamente acusados de encontrarem uma lacuna no conhecimento e de a preencherem com um milagre (enquanto os argumentos de design são na realidade baseados nas evidências - e não na falta delas). Com a preservação dos tecidos moles de dinossauro, o sapato está no outro pé. Todo o conhecimento que temos aponta para a impossibilidade de detectarmos quaisquer sequências proteicas de dinossauros. Por estes motivos, muitos foram profundamente cépticos da análise do T. rex. Agora que as sequências de colágeno foram confirmadas pela replicação, o desafio consiste em explicar o que anteriormente era considerado impossível. Os autores concluem seu trabalho com as palavras: "Ainda é desconhecida a química por trás dessa preservação". Com base no que sabemos, a alegação criacionista de que os dinossauros não têm milhões de anos pode parecer mais parcimoniosa. O que estou argumentando é que as acusações de "deus-das-lacunas" mal direcionadas sempre que as pessoas argumentam pelas evidências, e que a maioria dos casos em que a frase é usada revela o papel que ela tem como um instrumento retórico.

Biomolecular Characterization and Protein Sequences of the Campanian Hadrosaur B. canadensis (Caracterização biomolecular e seqüências protéicas do Hadrosaur B. canadensis)
Mary H. Schweitzer, et al.
Science, 324, 1 May 2009: 626-631.


Resumo: Preservação molecular em dinossauros não-aviários é controversa. Presenciamos múltiplas linhas de evidência de que material proteico endógeno está preservado em fragmentos ósseos e em tecidos moles de um hadrossauro de 80 milhões de anos, Brachylophosaurus canadensis [Museum of the Rockies (MOR) 2598]. Dados microestruturais e imunológicos são consistentes com a preservação da matriz óssea múltiplas e de proteínas de vasos sanguíneos, e análises filogenéticas do colágeno do Brachylophosaurus sequenciado por espectrometria de massa apoia de forma robusta o clado ave-dinossauro, coerentes com uma fonte endógena destes peptídeos de colágeno. Estes dados complementam os resultados anteriores do Tyrannosaurus Rex (MOR 1125) e confirmam que a preservação molecular nos dinossauros do Cretáceo dinossauros não é um acontecimento único.

Veja também:

Service, R.F. 'Protein' in 80-Million-Year-Old Fossil Bolsters Controversial T. rex Claim, Science 324, 1 May 2009: 578.

New Data from 80-Million-Year-Old Dinosaur Demonstrates Ancient Protein Is Preserved, Beth Israel Deaconess Medical Center Press Release, 30 April 2009.

(por David Tyler)


Posts anteriores sobre tecidos moles de dinossauros:




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