A teoria da evolução de Charles Darwin é uma teoria religiosa no sentido em que é baseada em poderosas alegações teológicas. Ao longo dos últimos quatro séculos estas crenças influenciaram e dominaram mesmo a ciência, na verdade cresceram tornando-se ainda mais fortes desde Darwin. Elas formam a base e a justificação final para a teoria da evolução de hoje. Tal como o evolucionista Ken Miller perguntou de forma retórica, será que Deus "realmente quer reivindicar a autoria do mosquito?" A evolução, de uma forma ou de outra, deve ser verdadeira.
Mas os teístas não são os únicos que utilizam a religião para defender esta forma rígida do naturalismo. Ironicamente, os céticos da religião são também capazes de usar o mesmo argumento do tipo Deus-não-iria-criar-as-espécies. David Hume é um conhecido exemplo histórico, embora muitas das suas idéias remontem aos céticos inglêses do inicio do seu século. Hoje, Richard Dawkins e seus semelhantes continuam a tradição dos ateus de proclamarem verdades teológicas em nome da ciência.É interessante notar que estes pregadores céticos não estão extraindo inocentemente as necessárias consequências dos princípios universais teológicos. Pelo contrário, estes ateus aplicam noções metafísicas ingênuas e simplistas a profundas questões teológicas. Eles pensam que o seu ateísmo esclarece aquelas águas profundas, mas eles são tão apegados ao deus dos filósofos como o resto do evolucionistas, de Darwin a Miller. Uma das grandes tragédias na história do pensamento é que a grande inteligência de David Hume nunca subiu acima das teologias insensatas do seu tempo para chegar a uma crítica duradoura com significado.
Estas nuances do debate das origens de hoje raramente são discutidas. Por isso é que foi um prazer ver o escritor de ciência Jeremy Manier lançar uma luz nesta direcção na sua recente peça do Chicago Tribune, "The New Theology". Acerca de ateus e criacionistas, ele escreve:
De forma curiosa, Dawkins e seus companheiros científicos ateus defendem a mesma concepção de Deus que impulsiona os seus inimigos, os criacionistas que se opõem ao ensino da evolução nas escolas públicas. Para ambas as partes, o único Deus que faz sentido é o que projectou toda a vida com requintada atenção aos detalhes. Os ateus ciêntificos não querem ter nada a ver com tal religião; os criacionistas adotam-na.
O que é que significa para os ateus abraçar uma determinada crença religiosa, em vez de desapaixonadamente sondarem a área? Aparentemente, apesar de eles serem ateus, eles podem ainda assim descrever os atributos de Deus. E essa descrição, por sua vez, em última análise ajuda-os a provar o ateísmo. Será este o gêmeo maligno do argumento ontológico de Anselm?
A peça de Manier passou a ir noutra direção e, para ser exacto, é por vezes problemática. Num dos últimos parágrafos ele escreveu que "[a] união da teoria darwista com a genética tem demonstrado que os processos naturais por sí próprios têm produzido organismos e máquinas moleculares de extraordinária complexidade." Isto é falso e enganador, mas não surpreende. Isto é o que os evolucionistas estão dizendo, e por isso os escritores de ciência repetem o mantra. Por um momento, no entanto, a peça de Manier foi um ponto de luz num debate onde normalmente existe demasiado calor.
(por Cornelius Hunter)
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