Desde que se percebeu que os flocos de neve podem tomar "infinitas formas de indescritível beleza", que algumas pessoas têm considerado que a formação de flocos de neve é de alguma forma análoga aos resultados dos processos evolutivos. Por exemplo, aqui está Mark Isaak no TalkOrigins:
"[...] ordem da desordem também é comum em sistemas não vivos. Flocos de neve, dunas de areia, tornados, estalactites, leitos de rio, e relâmpagos são apenas alguns exemplos de ordem proveniente de desordem na natureza; nenhum requere um programa inteligente para atingir essa ordem. "
Os flocos de neve exibem uma distinta beleza
Outro exemplo é David Bailey, escrevendo para o National Center for Science Education, desenvolvendo uma argumentação em torno da improbabilidade de obter um floco de neve com uma determinada estrutura específica:
"[...] um floco de neve é uma estrutura extremamente improvável, façam-se as contas que se fizerem. Em particular, é extremamente improvável que uma agregação de moléculas de água ao acaso fosse montar um único floco de neve com uma determinada estrutura específica. E no entanto este fenómeno repete-se trilhões de vezes numa típica tempestade neve.
[. . .] Os flocos de neve apenas acontecem - uma massa de moléculas de água homogênea e indiferenciada arrefece e torna-se um mar de belos flocos de neve com estruturas muito específicas e diferenciadas. Poderiamo-nos quase convencer que os flocos de neve constituem uma demonstração de poder sobrenatural".
Com argumentos como estes, vale a pena descobrir por que razão os flocos de neve têm estruturas tão notáveis. Uma panorâmica muito útil apareceu na Physics World. O autor ressalta que o primeiro problema a considerar é como os cristais crescem: "Na verdade, a nossa compreensão do crescimento dos cristais em geral é extraordinariamente primitiva, em comparação com o nosso conhecimento da estrutura cristalina." A dificuldade é que:
"O crescimento dos cristais é um problema complexo de dinâmica molecular. A morfologia macroscópica e o desenvolvimento de um cristal - ou seja, se ele faz facetas ou não, quão rápido ele cresce em condições diferentes e se ele se desenvolve em um único grande cristal ou muitos cristais pequenos - são regidos pela forma precisa como os átomos que o constituem são lançados para o seu lugar à medida que solidificam".
Os cientistas têm vindo a fazer crescer cristais de gelo em laboratório, observando formas de cristal com relação à temperatura e humidade. As principais conclusões são ilustradas no gráfico abaixo.
Diagrama da morfologia dos cristais de gelo (para ampliar a imagem, clique aqui. Créditos: www.snowcrystals.com)
"Dois aspectos neste diagrama destacam-se imediatamente. Primeiro, os cristais tornam-se mais complexos à medida que a humidade aumenta: prismas simples surgem quando a humidade é reduzida, enquanto que as formas ramificadas complexas aparecem quando a humidade é elevada. Em segundo lugar, a morfologia global comporta-se de forma peculiar em função da temperatura, através da qual muda da forma tipo-placa para forma de coluna à medida que a temperatura baixa. Este comportamento tem-se revelado particularmente difícil de explicar, mesmo a um nível qualitativo. Na verdade, depois de 75 anos ainda não conseguimos explicar porque é que os cristais de gelo crescem de forma diferente quando a temperatura muda em apenas alguns graus ".
Obviamente, existem processos físicos a trabalhar, que operam em vários níveis, desde a escala nanométrica. Isto permite-nos dizer ao Isaak que a "ordem da desordem" é essencialmente a mesma ordem de qualquer outro caso de cristalização do estado líquido para o estado sólido. É uma ordem que resulta de arrefecimento, quando forças interatomicas tornam-se dominantes sobre energias térmicas. Isto não deve ser confundido com a ordem em coisas vivas, uma vez que esta ordem deriva da informação. As coisas vivas são melhor descritas como tendo "Informação Complexa Específica", um termo que Dembski tem defendido. Distinguir a "ordem" da ICE vai ajudar muito as discussões da complexidade biológica.
Em segundo lugar, nós podemos responder à "estrutura extremamente improvável" de Bailey, lembrando que a temperatura e as nuvens de neve não são corpos homogéneos no céu. Existem gradientes de temperatura, gradientes de humidade, flutuações do vento e muitos outros factores. Coloquem-se todos eles juntos, e torna-se compreensível que cada floco de neve surge com uma história de crescimento de cristal e morfologia únicas. As improbabilidades extremas então são inevitáveis. Mas como é que isto se relaciona com a teoria evolutiva? Aqui, de novo, a ICE é a chave. Não há qualquer evidência de que a informação biológica se auto-constrói, como flocos de neve. Portanto, a Lei não é justificativa. Considerações sobre o Acaso produziram números que levaram alguns a pensar que um multiverso é necessário para justificar uma origem naturalistada vida. A outra opção é Design - que exige uma metafísica teísta para a ciência, mas evita a fuga ao empirismo que demonstram os defensores do multiverso.
O enigmático floco de neve
Kenneth Libbrecht
Physics World, 21 (1), de Janeiro de 2008, 19-23.
Resumo: A bela simetria dos flocos de neve esconde a física complexa que governa como os cristais de gelo crescem e se desenvolvem sob diferentes condições ambientais
Veja também:
Bailey, D.H. Evolution and Probability, Report of National Center for Science Education, vol. 20, no.4, 2001.
Isaak, M. Five Major Misconceptions about Evolution, October 1, 2003, The TalkOrigins Archive.
Citação: As palavras de conclusão da primeira edição da Origem das Espécies de Darwin:
"Há uma grandeza nesta visão da vida, com os seus vários poderes, tendo sido inicialmente soprados em algumas formas ou numa só: e que, enquanto este planeta tem girado de acordo com a imutável lei da gravidade, a partir de tão simples, infinitas formas iniciais tão belas e tão maravilhosas, evoluiram, e ainda evoluem".
(por David Tyler)
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