A primeira rã sem pulmões que se conhece foi encontrada na região indonésia do Bornéu. Ela vive em água de correntes rápidas e respira totalmente através da sua pele.
"Os pesquisadores estavam inicialmente fazendo dissecação de rãs à medida que as capturavam no campo, eles ficaram surpreendidos ao descobrir que esses anfíbios não tinham pulmões." No inicio eu não acreditei que as rãs não tinham pulmões, mas depois, ficamos apenas a observar as evidências a aparecerem. Eu fiquei boquiaberto", disse Bickford".
Embora as palavras "evolução" e "história evolutiva" se destaquem nos relatórios e nos meios de comunicação, vale a pena recordarmos a nós próprios que "sem pulmões" envolve a perda de um órgão complexo. A descoberta revela mudanças degenerativas, um pouco como a cegueira nos peixes das cavernas. Tais características são características derivadas, indicativas de extrema especialização.
"De todos os tetrapodes (animais com quatro membros), só nos anfíbios se conhece a ocorrência de ausência de pulmões. Existem muitos salamandras sem pulmões e uma única espécie de gimnofiono, um anfíbio sem membros que lembra uma minhoca, conhecido da ciência. Contudo, disse Bickford, a completa perda de pulmões é um caso particularmente raro de evolução que provavelmente só ocorreu três vezes. A descoberta de ausência de pulmões numa rã do Bornéu apoia a ideia de que os pulmões são um característica maleável em anfíbios, que são o grupo evolutivo irmão de todos os outros tetrápodes, de acordo com estes pesquisadores."
Como regra geral, como o conhecimento se desenvolve, o mesmo acontece com a nossa linguagem. Os pesquisadores descobrem que necessitam definir sua terminologia e até mesmo inventar novas palavras para garantir clareza. Significativamente, o mesmo não aconteceu com uma palavra em especial na biologia evolutiva. Existem numerosos significados da palavra "evolução" e ainda assim a sua utilização no seio da comunidade científica é muito parecida com o uso que dela faz o homem da rua. Às vezes ela se refere a mudanças de alelos numa população (por exemplo, as mariposas), por vezes, ao desenvolvimento de barreiras à reprodução (por exemplo, espécies em anel), e existem vários outros usos que têm um alcance profundo na "Árvore da Vida" de Darwin. Além disso, existe o sentido filosófico da palavra: que acarreta o gradualismo, o materialismo e a rejeição de um objectivo final. Há muitos anos atrás, Phillip Johnson chamou a atenção para este problema em suas palestras e livros, mas a comunidade evolutiva parece preferir a palavra permaneça com um significado difuso.
Estes pensamentos são relevantes para a rã sem pulmões, porque este não é um exemplo que ilustra a evolução de complexidade, mas o inverso. Também é relevante porque, para o progresso da investigação é importante clarificar mecanismos. A tendência dentro da biologia evolutiva é a de explorar uma variedade de mecanismos, mas voltar a cair no Darwinismo sempre que as coisas se complicam. O Darwinismo é a linha de base que é considerada segura (especialmente à medida que se aproxima o ano de 2009). O problema é que o Darwinismo pode explicar apenas mudanças menores, e a extrapolação de pequenas variações observadas para explicar grandes transições nunca foi cientificamente justificada. Os significados difusos da "Evolução" são inibidores: eles não fazem nada para que a investigação avance.
Como analogia, esta rã tem algumas semelhanças com a investigação da biologia evolutiva. Enquanto houver abundância de água bem oxigenada, a equipa de investigação tem a impressão de que está a fazer progressos. No entanto, quando a água se torna estagnada (como muitas vezes acontece!), a equipa descobre que não pode respirar correctamente. As ferramentas que estão a utilizar não trazem respostas convincentes. O que é necessário é uma lufada de ar fresco - e isto pode ser feito por pessoas que estão dispostas a procurar/investigar fora do naturalismo filosófico dos seus pares e reconhecer as amplas características de design presentes no mundo natural. Ao lidar com o design dos seres vivos, as capacidades e limitações de cada mecanismo proposto podem ser explorados sem terem que ser encaixados à força em determinado paradigma.
Uma rã sem pulmões descoberta no Bornéu
David Bickford, Djoko Iskandar, e Anggraini Barlian
Current Biology, on-line 17 de Abril de 2008, 18 (9), | DOI 10.1016/j.cub.2008.03.010
Resumo: A evolução da ausência de pulmões em tetrapodes (anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos) é um evento extremamente raro. Até agora a ausência de pulmões era conhecida apenas em anfíbios, em particular em duas famílias de salamandras [1, 2], e numa única espécie de gimnofiono [3]. Aqui, relatamos o primeiro caso de ausência de pulmões numa rã, Barbourula kalimantanensis, da região indonésia do Bornéu. Anteriormente eram conhecidos apenas dois exemplares [4, 5], mas uma recente expedição até ao centro de Kalimantan no Bornéu redescobriu duas novas populações desta enigmática rã aquática. Isto permitiu uma avaliação mais completa da ecologia e anatomia da espécie que levou à descoberta da sua falta de pulmões. A perda de pulmões em Amphibia é mais provável devido à sua história evolutiva no interface entre habitats aquáticos e terrestres e da sua antiga capacidade de respirar através da pele [5].
Veja também:
Descoberta a Primeira Rã sem Pulmões, ScienceDaily (8 Abril, 2008)
Choi, C.Q. Rã Bizarra não tem Pulmões, Livescience (7 de Abril de 2008)
0 comentário:
Postar um comentário