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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Detonando o quadro de evolução dos tetrápodes

Há um ano atrás, a Nature publicou um folheto educativo com o título 15 Preciosidades evolucionárias (como recurso para o Bicentenário de Darwin) [Vejam uma versão em português: 15 joias da evolução]. A preciosidade número 2 é o Tiktaalik, um fóssil de peixe bem preservado que foi amplamente aclamado como documentando a transição entre os peixes e os tetrápodes. O Tiktaalik era um peixe elpistostegaliano: um grande carnívoro, habitante de águas pouco profundas com afinidades anatómicas aos tetrápodes, mas possuindo barbatanas. Infelizmente, até ao fóssil do Tiktaalik, a maioria dos fósseis de elpistostegídeos eram fragmentos mal preservados.

“Em 2006, Edward Daeschler e os seus colegas descreveram fósseis surpreendentemente bem preservados de um elpistostegídeo conhecido como Tiktaalik que nos permitiu construir uma boa imagem de um predador aquático com notáveis semelhanças com os tetrápodes — desde o seu pescoço flexível até à sua estrutura de barbatanas muito semelhante com membros. A descoberta e a análise meticulosa do Tiktaalik esclarece a fase antes dos tetrápodes evoluírem, e mostra como o registo fóssil nos lança surpresas, apesar de serem inteiramente compatíveis com o pensamento evolutivo.”

Quando todos pensavam que tinha surgido um consenso, uma nova descoberta fóssil é relatada — atirando com tudo para dentro do caldeirão (novamente!). Trilhos de pegadas de um tetrápode desconhecido foram recuperados de rochas datadas em mais 10 milhões de anos do que o Tiktaalik.
Os autores dizem que as pegadas ocorrem em rochas que: “podem ser seguramente classificadas no período Eifeliano Inferior, correspondendo a uma idade de aproximadamente 395 milhões de anos.” De um só golpe, isso não somente acaba com o Tiktaalik como ancestral dos tetrápodes, mas também acaba com todos os fósseis conhecidos que são representativos dos elpistostegídeos. A chegada dos tetrápodes é considerada agora como tendo ocorrido 20 milhões de anos mais cedo do que anteriormente se considerava, e esses tetrápodes devem ser considerados agora como tendo coexistido com os elpistostegídeos. Mais uma vez, o registo fóssil lançou uma grande surpresa, mas esta surpresa não é “inteiramente compatível com o pensamento evolutivo”. É uma descoberta que não foi prevista e que não se encaixa de forma alguma no consenso emergente.

"Agora, porém, Niedzwiedzki et al. lançam uma granada que explode com essa imagem. Eles relatam a descoberta de pegadas de tetrápodes surpreendentes com impressões de diferentes dígitos em Zachemie, na Polónia, que são inequivocamente datadas do inicio do Eifeliano (há 397 milhões de anos atrás). Este local (uma antiga pedreira) rendeu uma dúzia de trilhos de pegadas feitas por vários indivíduos que vão de 0,5 a 2,5 metros de comprimento total, e numerosas pegadas isoladas encontradas em fragmentos de cascalho. Os trilhos precedem em 18 milhões de anos os restos de esqueleto tetrápode mais antigos e, o que é mais surpreendente, precedem em 10 milhões de anos os primeiros peixes elpistostegalianos".(Janvier & Gaël Clément, 2010)


O resumo do editor da Nature explicou: “As descobertas sugerem que os elpistostegídeos que nós conhecemos foram as últimas relíquias que sobreviveram e não formas transicionais directas, e eles realçam o quão pouco sabemos da história mais antiga dos vertebrados terrestres". Henry Gee, um dos editores da Nature escreveu num blog:

“O que tudo isso significa? Isso significa que a correlação bem embrulhada entre a estratigrafia e a filogenia, na qual os elpistostegídeos representam uma forma de transição na rápida evolução dos tetrápodes no período Frasniano médio, é uma ilusão cruel. Se — como mostram as pegadas polacas — os tetrápodes já existiam no período Eifeliano, então um enorme vazio evolucionário se abriu debaixo de nossos pés.”

Noutro blog, Ed Yong discutiu o significado da descoberta, e está obviamente impressionado pelo apoio de um investigador envolvido na tentativa de entender a evolução dos tetrápodes:
“Jenny Clack, a cientista da Universidade de Cambridge que descobriu o Acanthostega, viu os trilhos de pegadas polacas e considera-as mais convincentes. A sua única reserva é a de que as pegadas detalhadas não têm trilhos correspondentes para mostrar como se moviam os animais que as fizeram, enquanto os trilhos existentes consistem em marcas indefinidas. “Mas assim também são muitas das pegadas previamente conhecidas”, disse ela. “Se você as encontrasse noutros sedimentos na última parte do Devoniano, você não teria nenhum problema com elas.” Ela gostaria de ver trilhos das pegadas detalhadas, mas mesmo assim ela está entusiasmada. “Isto vai mudar todas as nossas ideias sobre o porquê os tetrápodes emergiram da água, e também quando e onde o fizeram.”

Repensar o porquê e o onde é outro aspecto desta descoberta explosiva. Os primeiros tetrápodes têm sido considerados como sendo animais que viviam na água. As pessoas têm-se perguntado se as barbatanas evoluíram para pernas enquanto os animais comiam plantas em águas pouco profundas, talvez em água salobra ou então em água doce. Estas ideias ainda podem ser aplicáveis ao Acanthostega e ao Ichthyostega, mas elas não são realistas para os novos trilhos de tetrápodes — que são encontradas em sedimentos marinhos planos de marés.
“Os trilhos de tetrápodes Eifelianos de Niedzwiedzki e colegas, aparentemente anacrónicos, vão assim abanar o pensamento sobre as origens dos tetrápodes. Elas revelam que os primeiros tetrápodes viviam no mar, percorrendo lagoas de lama de recifes de corais; isto está em desacordo com a antiga opinião estabelecida há muito tempo de que os deltas de rios e os lagos eram os ambientes necessários para a transição da água para a terra durante a evolução dos vertebrados.”

O interesse do Design Inteligente nesta história é de pelo menos duas razões. Em primeiro lugar o caso documenta um exemplo de uma predição evolucionária que falhou — embora, por algum tempo, os evolucionistas a tenham considerado um triunfo (vejam o post sobre o falhanço evolucionista do Tiktaalik). Em segundo lugar, a evolução dos tetrápodes é um teste importante para a relevância do pensamento do design — nós colocamos a questão se os tetrápodes estão aqui por Design ou se os processos de Lei + Acaso são a explicação satisfatória. A pesquisa está desenvolvendo-se assumindo a segunda opção, mas a nova descoberta sugere que a perseguição de múltiplas hipóteses operacionais (incluindo as opções baseadas no design) podem ser mais prudentes.

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Tetrapod trackways from the early Middle Devonian period of Poland
Grzegorz Niedzwiedzki, Piotr Szrek, Katarzyna Narkiewicz, Marek Narkiewicz & Per E. Ahlberg
Nature, 463, 43-48 (7 January 2010) | doi:10.1038/Nature08623

Abstract: The fossil record of the earliest tetrapods (vertebrates with limbs rather than paired fins) consists of body fossils and trackways. The earliest body fossils of tetrapods date to the Late Devonian period (late Frasnian stage) and are preceded by transitional elpistostegids such as Panderichthys and Tiktaalik that still have paired fins. Claims of tetrapod trackways predating these body fossils have remained controversial with regard to both age and the identity of the track makers. Here we present well preserved and securely dated tetrapod tracks from Polish marine tidal flat sediments of early Middle Devonian (Eifelian stage) age that are approximately 18 million years older than the earliest tetrapod body fossils and 10 million years earlier than the oldest elpistostegids. They force a radical reassessment of the timing, ecology and environmental setting of the fish tetrapod transition, as well as the completeness of the body fossil record.

Ver também:

Janvier, P. & Clément, G. Muddy tetrapod origins, Nature 463, 40-41 (7 January 2010) | doi:10.1038/463040a

Dalton, R. Discovery pushes back date of first four-legged animal, Nature News, 6 January 2010 | doi:10.1038/news.2010.1

Yong, E. Fossil tracks push back the invasion of land by 18 million years, Not exactly rocket science, January 6, 2010

(por David Tyler)


Noticias nos media portugueses:

Primeiros animais de quatro patas podem ter aparecido 18 milhões de anos antes do que se pensava

Descobertas na Polónia as mais antigas pegadas de quadrúpedes



1 comentário:

Anônimo disse...

"Falhaço Evolucionista" porque? Estas pegadas encontradas só evidenciam que os tetrápodes surgiram antes (cerca de 12 milhões de anos) da idade do fossil do Tiktaalik encontrado, que aliás pode perfeitamente ter evoluido a, por exemplo, 20 milhões de anos antes deste fossil, apenas não foram encontrados fosseis mais antigos, e é óbvio que o descoberto não seria o primeiro de sua espécie...
E alegar que o Tiktaalik é "apenas" um peixe é desonesto (o autor citado no texto baseou-se no fato do fossil não apresentar dedos para desclassificá-lo), é claro que ele ainda É um peixe, mas possui características que permitem classificá-lo como tetrápode tambem, como a posição dos olhos, o fato de possuir um pescoço, cabeça achatada, ombros, cotovelo e até um pulso.
O Tiktaalik é um exemplo (ninguem está afirmando que seria o único) de animal de transição, quer queiram ou não. Pelas pegadas encontradas, existem outros tambem, simples assim.





A origem da vida não é consensual. A evolução dos seres vivos não é consensual. A teoria de Lamarck, a teoria de Darwin, e outras, propuseram a transformação dos seres vivos ao longo do tempo.

Mas o evolucionismo e o darwinismo não explicam de forma satisfatória a complexidade dos seres vivos. A biologia molecular e a biologia celular revelam mecanismos cuja origem os darwinistas nem se atrevem a tentar explicar.


Este blog trata da Teoria do Design Inteligente, Darwinismo e Teoria da Evolução