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terça-feira, 15 de julho de 2008

Uma lição sobre cinismo

New Scientist July 2008 CynismA actual edição da revista New Scientist (de 12 Julho 2008) traz um editorial intitulado "Uma lição sobre cinismo". Relacionado com a lei aprovada recentemente pelo estado da Louisiana. O editorial sugere:

Agora, de acordo com os defensores do Louisiana Science Education Act, que se tornou uma lei estadual há duas semanas, liberdade académica é o que os professores e os funcionários dos quadros das escolas elementares e secundárias necessitam para alcançarem uma "discussão aberta sobre as teorias científicas" com os seus alunos. Não surpreende que dada a origem da lei no direito religioso ("Evolution, global warming and cloning: up for grabs in Louisiana"), ela coloca a evolução no topo da lista das teorias agora abertas à discussão. Em seguida preconiza que os professores introduzam livros e outros materiais exteriores ao currículo padrão para ajudar os alunos a "criticarem" a ciência que lhes é ensinada.

Além disso, a revista inclui um relatório especial intitulado "Class Conflict" escrito por Amanda Gefter que descreve a campanha liderada por Barbara Forrest [Professora de Filosofia na Southeastern Louisiana University], que tentou impedir que a proposta de lei se tornasse lei. Por uma questão de clareza e de rigor, incluímos aqui o próprio texto da legislação da Louisiana:

AN ACT

Para promulgar a R.S. 17:285.1, relativa ao currículo e à instrução; para preceituar sobre o ensino de assuntos científicos nas escolas elementares e secundárias públicas; para a promoção de competências de pensamento crítico e discussão aberta dos alunos relativamente a teorias científicas; para definir normas relativamente ao apoio e orientação dos professores; para estabelecer normas em relação aos livros didácticos e materiais de instrução; para estabelecer as regras e os regulamentos; para definir a sua efectivação; e para preceituar sobre questões conexas.

Seja ela promulgada pelo Poder Legislativo da Louisiana:

A Secção 1 R.S. 17:285.1 é assim promulgada com a seguinte redacção:

285,1 Educação da Ciência; desenvolvimento de competências de pensamento crítico

A. Esta secção deve ser conhecida e pode ser citada como a "Louisiana Science Education Act" [A Lei da Educação da Ciência na Louisiana].

B. (1) O Conselho do Estado do Ensino Elementar e Secundário, a pedido de uma cidade, paróquia, ou outro quadro escolar público local, deve permitir e ajudar os professores, directores, e outros administradores escolares a criarem e fomentarem dentro das escolas públicas elementares e secundárias um ambiente que promova as competências de pensamento crítico, de análise lógica, e de discussão objectiva e aberta das teorias científicas que são estudadas incluindo a evolução, mas não se limitando à evolução, às origens da vida, ao aquecimento global, e à clonagem humana.

(2) Essa ajuda incluirá o apoio e orientação para os professores com os meios eficazes para ajudarem os estudantes a entenderem, analisarem, criticarem, e a reverem objectivamente as teorias científicas que são estudadas, incluindo as que são enumeradas no ponto (1) da presente Subsecção.

C. Um professor deve ensinar as matérias apresentadas no livro didáctico padrão fornecido pelo sistema escolar e, posteriormente, poderá utilizar livros didácticos suplementares e outros materiais de instrução para ajudar os estudantes a entenderem, analisarem, criticarem e reverem as teorias científicas de uma forma objectiva, tal como permitido pela cidade, paróquia, ou outro quadro escolar público local.

D. Esta Secção não deve ser interpretada no sentido de se promover qualquer doutrina religiosa, promover a discriminação a favor ou contra um determinado conjunto de crenças religiosas, ou no sentido de promover a discriminação a favor ou contra a religião ou a não-religião.

E. O Conselho do Estado do Ensino Elementar e Secundário e cada cidade, paróquia, ou outro quadro escolar público local devem aprovar e promulgar as regras e os regulamentos necessários à execução das disposições da presente Secção antes do início do ano lectivo de 2008/2009.


Por conseguinte, a lei permite a promoção das "competências de pensamento crítico, de análise lógica, e de discussão objectiva e aberta das teorias científicas que são estudadas incluindo a evolução, mas não se limitando à evolução, às origens da vida, ao aquecimento global, e à clonagem humana". Além disso, os professores são obrigados a leccionarem em primeiro lugar a partir dos livros didácticos padrão e a não promoverem qualquer doutrina religiosa. No entanto, o editorial da New Scientist prossegue:

Mesmo para o amplo conceito de liberdade académica, este é um trecho muito forte, mas também é corrosivamente cínico. Pega numa característica acarinhada da ciência - a natureza do questionamento racional sem restrições - e transforma-a na sua cabeça para promover uma agenda não racional.

É interessante considerar algumas das definições de cinismo que estão disponíveis na web. Uma definição é a seguinte: "Uma atitude de contentamento extremo ou de negatividade depressiva, especialmente uma desconfiança geral da integridade ou das motivações expressas pelos outros: o cinismo público suscitado pelos escândalos governamentais". Perguntamos-nos se a New Scientist gostaria de incluir o estado da Louisiana aqui como um exemplo de um escândalo governamental. O editorial conclui:

Desta vez o envolvimento é essencial. O facto de terem sido introduzidas este ano em seis estados dos EUA, propostas de lei sobre liberdade académica, e de a da Louisiana ter tido um apoio quase unânime, demonstra o fosso entre o modo como os cientistas percebem a realidade e o modo como alguns políticos o fazem. É por isso que não é suficiente para os cientistas afirmar que a evolução é correcta ou que o aquecimento global é real: os cientistas e educadores precisam de ajudar as pessoas a compreenderem o que constitui o pensamento científico.

Uma questão - quem aqui é que está realmente a ser cínico?


Fonte: Truth in Science



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A origem da vida não é consensual. A evolução dos seres vivos não é consensual. A teoria de Lamarck, a teoria de Darwin, e outras, propuseram a transformação dos seres vivos ao longo do tempo.

Mas o evolucionismo e o darwinismo não explicam de forma satisfatória a complexidade dos seres vivos. A biologia molecular e a biologia celular revelam mecanismos cuja origem os darwinistas nem se atrevem a tentar explicar.


Este blog trata da Teoria do Design Inteligente, Darwinismo e Teoria da Evolução