Quando parecia que o alvoroço em torno da Avó Ida poderia continuar indefinidamente, apareceram indicios daquilo que o fóssil realmente significa. Que a promoção sensacionalista em torno da Ida tem mais a ver com vendas do que com evidências significativas, está a começar a tornar-se claro. A página de negócios do New York Time escreveu sobre como tudo parece muito bem orquestrado para impulsionar o documentário do History Channel que acompanhou a divulgação do fóssil. O relato de um escritor de ciência de Londres também ajudou a realçar o facto de as boas-vindas à Ida terem estado mais do que acima das marcas.
Mas o mais perspicaz é este post de um escritor de ciência na Smithsonian, oferecendo palavras um pouco mais temperadas do que as palavras dos anciãos darwinistas. De certa forma esta é uma peça muito impressionante, mesmo aparecendo apenas no seu blog. Como é sabido, a Smithsonian não é condescendente com as pessoas que não seguem a linha. Switek não comete o pecado de não reconhecer um ponto de vista estritamente darwinista, mas ele censura severamente o "establishment" por ter sobrevalorizado este último "elo perdido".
Ele começa com isto:
Portanto, o grande dia finalmente chegou. "Ida", um esqueleto de primata de 47 milhões de anos, de Messel, na Alemanha, foi finalmente revelado no PLoS One e num corrupio de conferências de imprensa, em anúncios de livro, e num aparato dos meios de comunicação em geral. Noutras circunstâncias eu ficaria feliz em ver um excepcional fóssil receber esse tratamento, mas receio que a Ida se tenha tornado uma vítima de uma media sensacionalista que valoriza o tamanho da audiência em detrimento da substância científica.
E fecha da mesma forma, depois de alguma escrita muito boa pelo meio.
Isto é uma vergonha. Eu esperava que este fóssil recebesse os cuidados e a atenção que merece, mas por agora parece ser uma fonte inesgotável de receitas para o History Channel. Com efeito, esta associação pode não ter apenas exagerado as alegações que foram apresentadas ao público, mas pode também ter sido um obstáculo à boa ciência. Tal como James Karen sugeriu, a má qualidade geral do relatório apresentado e a promoção sensacionalista desproporcionada faz-me perguntar se a pesquisa não foi empurrada apressadamente para ser publicada, para que o efeito bombástico dos meios de comunicação ocorresse na altura certa.
Ler o resto do artigo em inglês aqui.
(por Robert Crowther)
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